terça-feira, 25 de setembro de 2012

Os dilemas de ser fotógrafo

fotojornalismo é capaz de colocar o fotógrafo em situações onde, qualquer que seja a escolha, a ação final resultará em extremas consequências. Tais situações já foram vividas pelos fotógrafos Kevin Carter e Tiago Brandão que, por suas escolhas, foram duramente criticados e julgados.

Em horas onde as opções são fotografar ou ajudar, o que você faria? Se você estivesse no lugar do Kevin Carter, qual seria sua escolha? A resposta para muitos parece fácil e simples, mas existem vários fatores envolvidos. No filme “Fomos Heróis” (We Were Soldiers, 2002), o personagem fotógrafo Joe Gallowar (Barry Pepper) concluiu que a melhor maneira de ajudar seus colegas de combate era registrando cada perda ou momento de sofrimento, para que nada fosse esquecido posteriormente. O fotojornalismo é a soma de coragem, atitude, profissionalismo e ética.


"É impossível fazer fotojornalismo sem caráter, sem opinião." — João Bittar

Outra situação de escolha aconteceu com o fotógrafo e colunista do Meio Bit. Gilson Lorenti conta que presenciou o atropelamento de uma criança. O garoto, que não sobreviveu, tinha fugido dos pais e atravessou uma avenida. Naquele momento, Gilson estava com a câmera na mão e uma difícil escolha: socorrer o acidente ou registrá-lo? Qualquer imagem do triste episódio seria aproveitada para compor manchetes de vários jornais da região. Vivendo o dilema em fotografar ou não, ele se questionou qual seria a recompensa por aquela foto. Nenhuma. Aquela foto seria somente algo para matar a curiosidade mórbida de quem não presenciou a fatalidade. Escolhendo não fotografar, ele ficou com sua consciência leve.

Na época, muitas pessoas criticaram sua atitude em não fotografar, já que estava perdendo a chance de ter em mãos uma foto de impacto. E, se fizesse a foto, alguns o acusariam de ter aproveitado o sofrimento alheio, em vez de socorrer.

Para finalizar trago o vídeo “One Hundredth of a Second”,que aborda justamente o dilema que o fotojornalista vive em sua rotina diária de profissão. De fato, não existe uma resposta simples sobre a questão dos limites do fotojornalismo. O vídeo mostra claramente a responsabilidade do profissional que decide utilizar sua câmera. As cenas do vídeo são fortes, mas cada minuto é valioso e deve ser assistido. One Hundredth of a Second traz um impacto visual, mas, principalmente, uma reflexão sobre a profissão de fotojornalista. 




Comentário de Henrique R, editor do site Fotografe Uma Ideia, a respeito do texto:

"As pessoas fazem um rebuliço danado por conta desse tema. Se não fazem a foto, são julgados por perder a oportunidade; se fazem, são julgados por não prestar socorro. Pra mim, é simples: Se o fotógrafo tiver a chance de ajudar, faça! O que acontece é que, em outros casos, o fotógrafo nem deve tentar ajudar. (Num acidente, por exemplo, não se deve tentar mover a vítima, etc.) E outra: Todo mundo acha lindo julgar quem faz a foto de um desastre (arrumam até meios poéticos e dramáticos pra fazer isso, é incrível!), mas odeiam ler jornal e não ver imagem do acidente. O jornalismo (por isso, o fotojornalismo também) é uma das profissões mais importantes do mundo, justamente porque retratar uma verdade e registrá-la no tempo, às vezes, até como fato histórico importante."

PS. Achei interessante postar isso aqui, inclusive o vídeo, para pensarmos um pouco mais nessa questão, que já foi discutida em sala de aula, com a fotografia do Carter. 

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