O fotojornalismo é capaz de colocar o fotógrafo em
situações onde, qualquer que seja a escolha, a ação final resultará em extremas
consequências. Tais situações já foram vividas pelos fotógrafos Kevin Carter e Tiago
Brandão que, por suas escolhas, foram duramente criticados e julgados.
Em horas onde as opções são fotografar ou ajudar, o que você
faria? Se você estivesse no lugar do Kevin Carter, qual seria sua escolha? A
resposta para muitos parece fácil e simples, mas existem vários fatores
envolvidos. No filme “Fomos Heróis” (We Were Soldiers, 2002), o personagem fotógrafo
Joe Gallowar (Barry Pepper) concluiu que a melhor maneira de ajudar seus
colegas de combate era registrando cada perda ou momento de sofrimento, para
que nada fosse esquecido posteriormente. O fotojornalismo é a soma de
coragem, atitude, profissionalismo e ética.
"É impossível fazer fotojornalismo sem caráter, sem
opinião." — João Bittar
Outra situação de escolha aconteceu com o fotógrafo e
colunista do Meio Bit. Gilson Lorenti conta que presenciou o
atropelamento de uma criança. O garoto, que não sobreviveu, tinha fugido dos
pais e atravessou uma avenida. Naquele momento, Gilson estava com a câmera na
mão e uma difícil escolha: socorrer o acidente ou registrá-lo? Qualquer imagem
do triste episódio seria aproveitada para compor manchetes de vários jornais da
região. Vivendo o dilema em fotografar ou não, ele se questionou qual seria a
recompensa por aquela foto. Nenhuma. Aquela foto seria somente algo para matar
a curiosidade mórbida de quem não presenciou a fatalidade. Escolhendo não
fotografar, ele ficou com sua consciência leve.
Na época, muitas pessoas criticaram sua atitude em não
fotografar, já que estava perdendo a chance de ter em mãos uma foto de impacto.
E, se fizesse a foto, alguns o acusariam de ter aproveitado o sofrimento
alheio, em vez de socorrer.
Para finalizar trago o vídeo “One Hundredth of a Second”,que
aborda justamente o dilema que o fotojornalista vive em sua rotina diária de
profissão. De fato, não existe uma resposta simples sobre a questão dos limites
do fotojornalismo. O vídeo mostra claramente a responsabilidade do profissional
que decide utilizar sua câmera. As cenas do vídeo são fortes, mas cada minuto é
valioso e deve ser assistido. One Hundredth of a Second traz um impacto visual,
mas, principalmente, uma reflexão sobre a profissão de fotojornalista.
Comentário de Henrique R, editor do site Fotografe Uma Ideia, a respeito do texto:
"As pessoas fazem um rebuliço danado por conta desse tema. Se
não fazem a foto, são julgados por perder a oportunidade; se fazem, são
julgados por não prestar socorro. Pra mim, é simples: Se o fotógrafo tiver a chance de ajudar, faça! O que
acontece é que, em outros casos, o fotógrafo nem deve tentar ajudar. (Num
acidente, por exemplo, não se deve tentar mover a vítima, etc.) E outra: Todo mundo acha lindo julgar quem faz a foto de um desastre (arrumam
até meios poéticos e dramáticos pra fazer isso, é incrível!), mas odeiam ler
jornal e não ver imagem do acidente. O jornalismo (por isso, o fotojornalismo
também) é uma das profissões mais importantes do mundo, justamente porque
retratar uma verdade e registrá-la no tempo, às vezes, até como fato histórico importante."
PS. Achei interessante postar isso aqui, inclusive o vídeo, para pensarmos um pouco mais nessa questão, que já foi discutida em sala de aula, com a fotografia do Carter.
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