terça-feira, 20 de novembro de 2012

A revolução em carne e osso


Foto-de-Ernesto-Che-Guevara
“Nasci na Argentina; isso não é segredo para ninguém. Sou cubano e também sou argentino e, se não se ofendem os ilustríssimos ‘senhores’ da América Latina, me sinto cidadão da América Latina, de qualquer país da América Latina, tanto que no momento que fosse necessário, estaria disposto a sacrificar minha vida pela libertação dos países da América Latina sem pedir nada a ninguém, sem exigir nada, sem explorar nenhuma pessoa”. (Ernesto “Che” Guevara)
Ernesto Guevara de La Serna nasceu em 14 de Junho de 1928, na cidade de Rosário, na Argentina. Sofria de asma desde os dois anos de idade o que obrigou sua família a se mudar para Altagracia em 1932 em virtude de recomendação médica.
Entrou para a faculdade de medicina da Universidade de Buenos Aires em 1947. No ano de 1952 viajou pela América Latina em companhia do amigo e bioquímico, Alberto Granados. Viajaram pela Argentina, de moto, até o extremo sul do país, por onde atravessaram a fronteira em direção ao Chile. Mesmo com a aposentadoria precoce de seu veículo ainda em terras chilenas, Ernesto e Alberto prosseguiram sua viagem passando pelo Peru, Colômbia e terminando o périplo sul-americano em terras venezuelanas.
Concluiu seus estudos universitários apenas depois de sua volta pelo sul do continente americano. Estava completamente modificado pela experiência o que acabou transformando decisivamente sua história de vida. Do contato com a realidade pobre e carregada de injustiças que vira pelos confins da América Andina brotava o ideal revolucionário que carregaria pelos anos seguintes de sua existência.
Imagem-de-Che-sendo-bondoso-com-outro-homem
Che acreditava de forma quase religiosa nos preceitos revolucionários, na bondade
inata dos homens, no idealismo dos trabalhadores e na possibilidade de superar o
egoísmo e os preconceitos. Pensava ter encontrado no marxismo o caminho mais curto
para conseguir combater a exploração e a fome e atingir a liberdade e a fraternidade.
Tentou se estabelecer na Venezuela, mas a situação vivida pela Bolívia e seu contato com exilados latino-americanos no Peru fizeram com que ele mudasse de planos. Deslocou-se então para a Guatemala onde teve seu primeiro contato com os futuros revolucionários cubanos a partir da figura de Ñico Lopes, que participara do assalto ao quartel de Moncada ao lado de Fidel Castro. A queda do governo democrático estabelecido naquele país obrigou Guevara a partir para o México.
Enquanto morou no México trabalhou numa ala para alérgicos de um hospital da capital daquele país. Reforçava seus ganhos mensais atuando como fotógrafo. Teve então um contato inicial com Raul Castro, irmão de Fidel, que contou a ele a situação vivida em Cuba.
Conheceu Fidel Castro em 1955 e entrou para o grupo que iria partir na histórica expedição que desembocaria na Cuba Revolucionária do final dos anos 1950. Partiu com os combatentes cubanos em novembro de 1956 a bordo do barco Granma. O barco nem ao menos conseguiu aportar em terras cubanas, tendo naufragado por excesso de carga e passageiros a apenas poucas milhas de seu destino previsto.
Haviam desembarcado no dia 2 de dezembro e logo foram pegos de surpresa pelas tropas legalistas de Fulgêncio Batista na cidade de Alegria de Pio. Refugiaram-se nas montanhas cubanas onde obtiveram um tímido apoio inicial dos camponeses cubanos. A vitória obtida no ataque ao quartel Uvero marcou, de acordo com o testemunho do próprio ‘Che’ o momento decisivo para que a revolução viesse a se tornar vitoriosa. Era como se o exército revolucionário tivesse atingido a maioridade...
Imagem-de-Che-junto-a-outro-homem
Sua aparência romantizada pelo estilo intransigente e rebelde a qualquer tipo de
conformismo assim como sua prática revolucionária, marcada pela intensidade
de suas ações, tornaram a figura de “Che” uma lenda para todos aqueles
que acreditam nos ideais revolucionários.
Foi nomeado líder da quarta coluna rebelde e ajudou na instalação dos novos acampamentos na região de El Hombrito. No final do mês de dezembro de 1958 partiram para a ofensiva final com o ataque a cidade de Santa Clara. Com a tomada de Santa Clara o acesso e o domínio dos comandados de Fidel e ‘Che’ sobre Havana era questão de horas. O avanço sobre a capital cubana se consolidou na virada do ano e, em 2 de janeiro, Cuba estava nas mãos de um novo governo.
A vitória da revolução em Cuba foi celebrada com a naturalização de Ernesto ‘Che’ Guevara como cubano poucos dias depois da tomada de Havana. Nesse mesmo ano foi nomeado presidente do Banco Nacional de Cuba.
Há importantes relatos de participantes do processo revolucionário cubano que definem como decisiva a atuação de ‘Che’ na conversão de Fidel para os princípios socialistas e comunistas. Era comum que Guevara citasse pensamentos de Marx, Lênin, Engels ou Mao Tse-Tung.
A opção pelo socialismo adotada por Fidel Castro em 1960 fez com que os laços que uniam Cuba e a União Soviética se estreitassem. Por esse motivo, ‘Che’ foi enviado em viagem diplomática pelos países da cortina de ferro. Visitou a Tchecoslováquia, a União Soviética, a Alemanha Oriental, a Hungria, a Coréia do Norte e a China.
No ano de 1961 foi nomeado Ministro da Indústria.
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‘Che’ foi ferido em combate nas selvas colombianas e assassinado no dia
9 de outubro de 1967 no povoado de Higuera. Especialistas cubanos e argentinos
descobriram seu corpo e o de outros 6 guerrilheiros no ano de 1997 numa cova
em Vallegrande, de onde seus restos mortais foram despachados para Cuba, onde foram
depositados num mausoléu em sua homenagem, na praça que tem seu nome.
Participou nos anos seguintes da implantação do socialismo em Cuba de forma decisiva, tendo atuado tanto como representante diplomático em vários eventos e países (especialmente na América Latina, onde buscava apoio e representatividade para o boicotado governo socialista de Fidel) quanto na ação defensiva de sua pátria por adoção contra as tentativas de desestabilização política e golpe contra os ideais revolucionários estabelecidos a partir de 1959.
Apesar de todo o seu envolvimento com os rumos da revolução socialista em Cuba, ‘Che’ Guevara alimentava o sonho de ampliar o raio de ação de sua luta revolucionária. Pretendia expandir a luta contra o capitalismo e toda exploração advinda desse sistema contra as populações pobres do mundo subdesenvolvido incentivando pessoalmente o surgimento de focos de rebelião e combate em outras regiões desprovidas da própria América Latina e também da África.
Por esse motivo, se despede de seu companheiro de lutas Fidel Castro e de sua vitoriosa experiência revolucionária em Cuba em Outubro de 1965. Parte então para uma frustrada experiência em terras africanas, mais especificamente no Congo, onde desprovido de recursos materiais e contando com o apoio de reduzido e mal preparado grupo de voluntários, acaba fracassando.
No ano de 1966, parte em direção a Bolívia para sua última batalha. Ainda não havia completado sequer 40 anos (morreu com 39) e entrava em um novo campo de combate nas selvas daquele país. Já havia se tornado um ícone mundial e encarnava o espírito revolucionário como poucas pessoas que haviam vivido nesse planeta. Homem fragilizado por uma asma que o perseguia desde a mais tenra idade, jamais se mostrou desencorajado perante as dificuldades que a doença lhe trazia.
Desafiou as montanhas cubanas, as tropas contra-revolucionárias, o intenso calor africano, a falta de recursos ou ainda a densa floresta boliviana para morrer assassinado no ano de 1967. Desaparecia o homem e nascia o mito, o mártir...

Fonte: http://www.planetaeducacao.com.br/portal/impressao.asp?artigo=369

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